PSDB cobra investigação sobre tráfico de influência para cliente de Palocci

O PSDB escolheu a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara Federal para tentar esclarecer as denúncias contra o ministro da Casa Civil, Antônio Palocci. O deputado Fernando Francischini (PR) apresentou nesta proposta para que a comissão investigue os pagamentos milionários realizados pela Receita Federal à WTorre, uma das clientes da empresa de consultoria de Palocci.
Em consulta ao Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi)), o tucano constatou a existência de duas ordens bancárias do órgão vinculado ao Ministério da Fazenda em São Paulo: uma de R$ 6,2 milhões e outra de R$ 2,9 milhões. Ambos os valores foram creditados na mesma data, em 7 de outubro de 2010, quatro dias após o 1º turno das eleições.
Francischini frisa que um processo foi protocolado pela WTorre em 8 de outubro de 2009 e o outro 24 de agosto de 2010, e ambos foram pagos no mesmo dia. Nesta última data foi gerada uma restituição de R$ 2,9 milhões e feita uma doação de R$ 1 milhão ao comitê de campanha da então candidata à Presidência Dilma Rousseff. Dezesette dias depois, ou seja, em 10 de setembro do ano passado, em plena campanha, houve outro repasse de R$ 1 milhão para a campanha petista.
Na avaliação do parlamentar, as operações geram desconfiança e são indícios graves da prática de tráfico de influência. “Não tenho a mínima dúvida que há tráfico de influência. Agora queremos saber de quem. Os dados mostram que a WTorre, empresa que Palocci prestou assessoria, recebeu quase R$ 10 milhões dias depois da eleição presidencial. Esses são fatos graves que merecem ser apurados”, declarou.
Segundo a “Folha de S.Paulo”, a empresa WTorre possui negócios públicos e contratou a empresa Projeto, de propriedade do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, para tratar de “assunto corporativo”. Ainda de acordo com a reportagem, a construtora fechou negócios em torno de R$ 1,3 bilhão com fundos de pensão e a Petrobras.
O deputado pelo Paraná ressaltou que entre o protocolo de agosto e a liberação dos valores em outubro, passaram-se somente 44 dias. Para Francischini, a liberação aconteceu em tempo recorde. “Segundo técnicos da área, a agilidade é diferenciada da maioria dos casos da Receita Federal. Queremos investigar quem fez esses pagamentos, como foi o procedimento e se houve a intervenção de Palocci por meio de sua consultoria”, afirmou. O tucano propôs ainda ao Tribunal de Contas da União (TCU) a realização de auditoria desses pagamentos pela Receita Federal.
Para o líder do PSDB na Câmara, deputado Duarte Nogueira (SP), há uma “necessidade profunda de investigação dessas extremas coincidências”. “Há um nítido relacionamento entre a consultoria prestada, entre recursos de campanha, entre a celeridade absurda da Receita Federal em devolver créditos para uma empresa que tinha esse mesmo direito em 2007, 2008, 2009 e não requereu. Por que só requereu nessa data mais próxima, em 2010?”, questionou o tucano em plenário, ao lembrar que qualquer empresa que requer recursos à Receita Federal tem um “calvário”. Ainda de acordo com o deputado, as novas revelações reforçam a necessidade de uma CPI.
No Senado federal, os tucanos insistiram para que Palocci explique-se. O senador Aloysio Nunes (PSDB/SP) enfatizou ser muito grave a diretoria da Caixa Econômica Federal admitir que a ordem para quebrar o sigilo fiscal do caseiro Francenildo partiu do gabinete de Palocci, à época em que ele era ministro da Fazenda.
“Enquanto o ministro não se explica, mais denúncias vão aparecendo. E é difícil botar a pasta de dente de volta dentro do tubo. A novidade é que nunca a Caixa nem o próprio ministro Palocci ou seu grupo de assessores haviam admitido essa ordem. Uma declaração oficial da diretoria da Caixa nos autos de um processo judicial é uma coisa grave, tanto que o nosso líder Alvaro Dias (PSDB/PR) já está novamente pedindo que ele venha se explicar”, comentou.
Aloysio observou que Palocci tem dificuldade de explicar de como ficou rico sendo deputado em quatro anos. E questionou: “Como enriqueceu tanto em um ano apenas, quando ele tinha tantas atividades como a coordenação da campanha da presidente Dilma e a preparação do novo Governo e da equipe de transição?”. Em seguida, acrescentou: “É muito difícil a pessoa ficar rica assim em tão pouco tempo. Ele tem que explicar. Pode ser que tenha ficado por razões legítimas. Quero até admitir que seja. Mas precisa ser explicado, porque, senão, essa suspeita vai pairar sobre ele eternamente. E não é bom nem para ele, nem, para o Governo e nem para a oposição”.
Fonte: Agência Tucana com Diário Tucano e Blog da Liderança do PSDB no Senado
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