A operação Black Ops foi realizada em 14 Estados e no Distrito Federal com o objetivo de desarticular uma organização criminosa transnacional formada por integrantes da máfia israelense. Segundo a PF, as atividades ilegais incluíam, além de contrabando de veículos, a exploração de máquinas caça-níquel, comércio ilegal de pedras preciosas e outros crimes.

Alvo de ação da Polícia Federal (PF) por contrabando de veículos, uma concessionária da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, tem entre seus clientes artistas como os cantores Belo e Latino e os jogadores Emerson (Corinthians), Kleberson (Atlético-PR) e Diguinho (Fluminense). Na última sexta-feira, a empresa foi acusada pela PF de integrar um esquema criminoso com ramificações em Israel. Para o advogado Ivo Peralta, que também defende o cantor Belo, está havendo “uma tremenda injustiça”.

“A loja é intermediária, não compradora. Vamos apresentar as notas, conforme adquirimos os veículos. Se existe alguém agindo de má fé, são as exportadoras que levaram esses carros da concessionária. Não existe esquema fraudulento. Eu acredito que a PF e a Receita Federal estão confundindo os elementos importadores e revendedores”, afirmou Peralta.

O advogado sustenta que a Receita errou ao liberar a entrada dos veículos no País e que, por isso, as concessionárias não têm culpa. “Eles liberam o carro como novo e depois dizem que não é, mas não apresentam nenhuma prova disso. Já os importadores, como são autorizados pela Receita, trazem os carros e vendem aos clientes compradores de veículos, que os deixam consignados na loja”.

Famosos são investigados
O advogado Bruno Pinho Gomes, que representa o cantor Latino, um dos investigados pela PF, salienta que o artista comprou “de boa fé” um carro na concessionária e que está à disposição da Justiça para qualquer esclarecimento. “Ele foi cliente de uma loja, como várias outras pessoas no Rio de Janeiro, estabelecida em ponto nobre, que parecia ser um local de extrema confiança. Estamos tão preocupados quanto a polícia para fazer as investigações do fato, até mesmo para cobrar do responsável os prejuízos causados por isso.”

Ivo Peralta garante que o cantor Belo comprou o carro “sem saber de nada. Toda a documentação original foi entregue com autorização pela Receita, notas fiscais e documentos emitidos pelo Detran. Não houve qualquer fraude por parte do comprador”. O assessor dos jogadores Diguinho e Emerson, Henrique Coelho, disse que os atletas entregaram os documentos exigidos pela PF e estão tranquilos.

Ontem, um Jeep Hummer de Kleberson foi apreendido no Paraná. Segundo assessoria de imprensa da PF, o jogador mostrou “boa-fé”, atendendo cordialmente os policiais e se colocando à disposição para quaisquer esclarecimentos. Kleberson disse que adquiriu o veículo usado por R$ 200 mil. Segundo os policiais que cumpriram o mandado, o jogador não sabia a procedência do veículo.

Bloqueio de bens de R$ 50 milhões
A PF divulgou que os membros da máfia israelense integram uma grande organização conhecida como “Abergil Family”, que está envolvida em esquemas ilícitos em diversos países, como agiotagem, prostituição, jogo ilegal e tráfico de drogas. Em todo o País, os policiais cumprem 22 mandados de prisão e 119 de busca e apreensão. Além disso, será realizado bloqueio de bens com valor total que pode chegar a R$ 50 milhões.

Os suspeitos responderão pelos crimes de contrabando e comércio ilegal de pedras preciosas, crime contra a economia popular, formação de quadrilha, crimes contra ordem tributária, lavagem de capitais, evasão de divisas e outros delitos, estando sujeitos, de acordo com a participação, a penas de até 10 anos de prisão, podendo ser acumuladas. A investigação contou com o apoio externo de agências de inteligência de Israel, da Inglaterra e dos Estados Unidos.

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