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Lindemberg afirmou que foi ele mesmo que atirou em Eloá Pimentel


Público se manifesta pela condenação de Lindemberg na porta do Forum em Santo Andr
Público se manifesta pela condenação de Lindemberg na porta do Forum em Santo Andr

O terceiro dia do julgamento de Lindemberg Alves, no Fórum de Santo André, no ABC paulista, nesta quarta-feira (15/02) encerrou por volta de 19h45 pela juíza Milena Dias. O réu é acusado, de ter assassinado Eloá Pimentel e de mantê-la mais de cem horas em cárcere privado, entre outras acusações. A sessão foi finalizada depois do interrogatório do réu, que durou mais de cinco horas.

A audiência deve ser retomada por volta das 9h de quinta-feira (16), já com o início da fase de debates entre as partes. É nesse momento que os advogados de defesa e a promotoria expõem seus argumentos antes dos jurados se reunirem para decidir se Lindemberg é ou não culpado pelos 12 crimes de que é acusado.

A última parte do interrogatório foi feita pela defesa. Em cerca de dez minutos, a advogada Ana Lúcia Assad questionou se o réu gostaria de dizer mais alguma coisa para a família da vítima e se ele tinha sonhos com Eloá.

Lindemberg afirmou que não tinha mais nada a dizer, que já tinha pedido desculpas. Quanto aos planos com ex-namorada, ele disse que eram muitos, mas preferiu não enumerá-los.

O réu ainda afirmou que foi agredido muito pelos policiais no caminho do apartamento até a delegacia de Santo André, logo após sua prisão.

Antes, ainda durante os questionamentos do assistente de acusação, José Beraldo, Lindemberg declarou que blefou várias vezes durante as conversas com a polícia inclusive quando disse que ia se matar.

– Sim, com certeza [ao ser perguntado se havia blefado quando disse que ia se matar].

O réu voltou a afirmar também que não havia necessidade do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) invadir o apartamento, pois ele tinha a intenção de libertar as reféns. Para ele, a “invasão policial causou a reação de Eloá que causou a reação dele”.

Sobre o tiro que matou Eloá

Lindemberg também afirmou que atirou em Eloá Pimentel quando ela fez um movimento sinalizando que iria levantar do sofá.

– Foi tudo muito rápido quando a polícia invadiu. Ela [Eloá] fez um movimento que ia levantar do sofá e eu, sem pensar, atirei. Fiquei com receio de ela tentar tirar de novo a arma da minha mão. Foi tudo muito rápido doutora, eu não pensei.

A declaração foi dada quando a juíza Milena Dias questionou Lindemberg sobre a acusação de homicídio da ex-namorada dele. Enquanto relatava o que ocorreu naquele dia, em outubro de 2008, o réu chegou a embargar a voz e se mostrar emocionado. Ele disse, no entanto, não se lembrar de ter atirado em Nayara Rodrigues.

Segundo o réu, ele não se lembra de nada depois de ter dado o tiro que acertou Eloá. Lindemberg diz que apenas se recorda dos policiais em cima dele e o agredindo. Ele também afirmou que se for comprovado que o tiro que acertou Nayara partiu da arma dele, ele vai pedir desculpas.

Usando linguagem formal, bem diferente das conversas que teve durante as negociações no cárcere (que foram gravadas), Lindemberg negou que tenha atirado contra o policial Atos Antonio Valeriano, o primeiro negociador. De acordo com o réu, ele atirou em direção ao pátio, sem mirar em ninguém.

Outra acusação que Lindemberg negou foi a de cárcere privado de Nayara Rodrigues e dos jovens Iago Vilara de Oliveira e Vitor Lopes Campos. Segundo réu, eles poderiam sair quando quisessem. Como exemplo dessa “liberdade”, o acusado citou o caso de Nayara que foi e voltou ao cativeiro.

De acordo com o acusado, a decisão de que Nayara deveria voltar ao apartamento foi de Eloá, pois ela se sentiria mais segura junto da amiga.

Durante o interrogatório da promotora Daniela Hashimoto, o réu afirmou que Nayara o ajudou muito enquanto estava lá dentro. Ela teria tentado acalmar Eloá, atendido ligações telefônicas e o auxiliou a tomar algumas decisões, como a de confiar na polícia ou não. Ele chegou a dizer que era “assessorado” pelas meninas.

Lindemberg ainda admitiu que deu dois tiros durante o cárcere, o primeiro em direção ao pátio e o segundo contra um computador. Ele contou que não tinha porte de arma, mas que comprou o revólver para se proteger, pois estava recebendo ameaças.

O réu ainda relatou que em alguns momentos, tanto ele quanto as duas meninas que manteve refém, encaravam toda a situação como uma brincadeira.
– Vou confessar uma coisa que é até estranho. Mas, em alguns momentos, a gente achava que aquilo tudo era uma brincadeira.

Contradição

A promotora fez Lindemberg se contradizer em alguns momentos. Quando ela apresentou gravações telefônicas das negociações, ele afirmou que as ameaças que faziam eram blefes para manter a polícia fora do local. Em uma delas, entretanto, ele diz ter atirado em um policial, o que foi questionado pela promotora.

– Mas vocês não disse que não teve contato visual com nenhum policial, que atirou para o chão?

Ele tentou afirmar que o negociador o teria informado sobre o tiro, mas as explicações não a convenceram.

O Último dia de Julgamento

Questionado sobre o porquê de ter mantido contato com jornalistas, Lindemberg afirmou que só o fez por não confiar nos policias. Segundo ele, a intenção era libertar todos, mas não em uma hora marcada, pois a libertação de surpresa havia “dado certo das outras vezes”.

Para comprovar sua intenção de libertar as meninas no último dia de sequestro, ele afirmou que chegou a pedir para elas colocarem moletons e sapatos para descer.

A mudança de estratégia teria ocorrido quando a ligação do réu com a irmã dele foi supostamente cortada pela polícia. Na sequência, ele diz ter visto os policiais retirando as pessoas da área do prédio. Segundo ele, naquele momento houve novamente a quebra de confiança com a polícia e ele desistiu de descer, mesmo tendo acesso à carta em que um promotor fazia garantias a ele.

Lindemberg Alves começou seu interrogatório por volta de 14h15, pedindo perdão pelos crimes que cometeu. Ele afirmou que foi ao julgamento para dizer a verdade, pois sente que tem uma dívida enorme com a família. O rapaz, de 25 anos, está sendo julgados por 12 crimes, entre eles o assassinato e o cárcere de sua ex-namorada Eloá Cristina Pimentel, em outubro de 2008.

Tenente do Gate presta depoimento

Pela manhã, os jurados ouviram o tenente do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) Paulo Sérgio Squiavo. O policial falou por pouco mais de uma hora. Numa explanação minuciosa, que incluiu os métodos usados pelo Gate durante o cárcere de Eloá em 2008, Squiavo relembrou as afirmações que Lindemberg fez logo após o desfecho da tragédia em Santo André.

– Em tom eufórico, ele gritava que havia matado […] Havia conseguido falar algo do tipo “Estou vivo e a matei”.

Questionado sobre a forma como a Polícia Militar agiu ao invadir o apartamento de Eloá para por fim ao cárcere, Squiavo afirmou que:

– Recebi a ordem de que as negociações estavam ficando infrutíferas e de que se houvesse agressão poderia entrar. Qualquer motivo que mostrasse risco insuportável para os reféns.

(*) Com informações do R7

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