No último ano e meio, Thiago Pereira treinou exaustivamente com seu técnico, Alberto Silva, para corrigir uma falha: o nadador costumava queimar muita energia nos primeiros cem metros e acabava sem força nos últimos. O resultado se viu na noite deste sábado, 28 de julho, quando ele conquistou sua primeira medalha olímpica: prata, nos 400m medley – seus melhores resultados olímpicos até então eram um quinto lugar em Atenas (2004) e um quarto lugar em Pequim (2008), mas nos 200m medley. O ouro ficou o americano Ryan Lochte e o bronze, com o japonês Kosuke Hagino. O ultra-campeão Michael Phelps acabou em quarto lugar.

“Foi uma prova bem inteligente que fiz de manhã, nas eliminatórias, e repeti à noite, na final, só que com um pouco mais de força e velocidade. Eu, que costumava queimar muito, especialmente no nado borboleta, soube dosar melhor. Eu sabia que queimava, mas não trabalhava isso. Sempre fui satisfeito com meus resultados. São quase dez anos entre os cinco do mundo, isso não é fácil. Mas passei dois anos nos Estados Unidos treinando com caras que não iam para competição para participar, só iam para ganhar. Aprendi com eles. E tudo mudou quando o Albertinho começou a me treinar”, disse Thiago, que empatou seu próprio recorde sul-americano na prova, de 4min08s86.

O treinador, no entanto, ficou surpreso com o resultado, que esperava para a prova dos 200m medley, não para a dos 400m. “Meu treino nunca foi para os 400, não fiz o polimento dele para os 400. Fiz tudo pensando nos 200. Mas quando vi o tempo dele da manhã, fiquei impressionado e disse: ‘Thiago, fica esperto que você pode chegar’”, contou Albertinho, que espera um bom desempenho nos 200m: “Acredito que vai ser o melhor resultado dele em relação a tempo. Já em relação a pódio, depende também dos outros nadadores”.

Thiago promete descansar muito pelos próximos dias, antes de entrar novamente na piscina para a disputa dos 200m medley, dia 2 de agosto. O nadador estava muito cansado após a conquista da prata. “É uma prova muito desgastante. A pior da natação, a que mais dói”, diz ele, que é dono de 12 medalhas de ouro em Pan-americanos: “Pan é totalmente diferente de Jogos Olímpicos. Para começar, nos Jogos eu nado com o Ryal Lochte, com o Phelps e com o Laszlo Czeh (húngaro). Fico muito feliz de fazer parte dessa geração, de participar da evolução do medley. Eu sempre quis ganhar uma medalha competindo com eles, não queria ganhar sem eles estarem na água. Hoje eu consegui”, comemorou.

Quando faltavam uns 20 metros, Thiago confessa que deu aquela olhadinha para os lados procurando Phelps e Kosuke Hagino. Foi quando sentiu que a medalha era dele. “Depois, o Phelps me falou sobre eu não ter gastado tudo no início, que fui inteligente. Porque ele sabe que eu sempre morria um pouco no final. Mas não hoje”, disse Thiago, sem tirar o sorriso do rosto.

(*) Por Flávia Tavares, de Londres – COB – Relações com a Imprensa

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