Os líderes do maior grupo de guerrilha da América Latina declaram nesta quinta-feira (06/09) que irão pedir um cessar-fogo imediato no encontro que farão com os negociadores do governo colombiano no próximo mês em Oslo.

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – conhecidos pela sigla em espanhol FARC – travaram uma sangrenta guerra civil de cinco décadas com o governo colombiano e os grupos paramilitares de direita.
O grupo é considerado pelo governo dos Estados Unidos e de vários países como uma organização terrorista.

As discussões terão início em 08 de outubro, em Oslo, na Noruega, onde seis membros das Farc se farão presentes. Na oportunidade, Chile, Cuba, Venezuela e Noruega farão parte do grupo de países que irão ajudar nas negociações.

O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, disse na terça-feira (04) que apoia o esforço e que o governo participará diretamente das negociações.

Porém, um acordo de paz enfrentará muitos obstáculos, inclusive de longa data alegações de que guerrilheiros das Farc se enriqueceram com resgates pagos para que vítimas de sequestro fossem libertos. Há alegações também de enriquecimento com o tráfico de drogas.

O comandante das Farc, Mauricio Jaramillo negou relatos de que guerrilheiros ainda mantêm reféns presos em acampamentos na selva remota.

“Nós já não temos quaisquer prisioneiros”, disse Jaramillo.

As negociações entre as Farc e o governo colombiano foram interrompidas há 10 anos atrás. O então presidente Andrés Pastrana cedeu uma área do tamanho da Suíça para o grupo guerrilheiro no início dessas negociações de paz. O governo disse mais tarde que os guerrilheiros tinham utilizado a área como base para o tráfico de drogas e sequestro.

O ex-presidente da Colômbia, Alvaro Uribe disse que é impossível a realização de negociações de paz sem primeiro garantir um cessar-fogo unilateral e criticou as negociações propostas.

Jaramillo disse que um cessar-fogo seria proposto imediatamente aos negociadores, mas se isso não for possível que as Farc estão preparadas para continuar lutando.

“Há companheiros o suficiente para manter levando a luta contra o governo”, disse ele.

Como parte de um mapa do caminho para um acordo de paz possível, as Farc, disse que o governo terá de aprovar a reforma agrária para os camponeses, ajudar os cultivos de coca e de outras plantas e reintegrar milhares de soldados das Farc na sociedade colombiana.

Representantes das Farc também denunciaram um tratado de extradição da Colômbia com os Estados Unidos, o que levará vários comandantes das Farc para aquele país caso sejam presos.

“Qualquer pessoa que infringe a lei na Colômbia deve ser julgado na Colômbia”, disse o negociador das FARC Ricardo Tellez. “Não há necessidade de que alguém deve ser entregue a outro país.”

A questão pode vir a ser o primeiro desafio para as negociações, já que o comandante nomeado pelas FARC, Simon Trinidad, é um dos membros da equipe que vai negociar um possível acordo de paz. Trinidad está condenado por 60 anos numa prisão federal dos EUA após ter sido condenado em 2007 por tráfico de drogas e acusações de terrorismo.

Negociadores das Farc se recusam a dizer em entrevistas coletivas se a inclusão de Trinidad é simbólico ou se a sua libertação é uma demanda inicial para o governo colombiano.

“Queremos Simon Trinidad na mesa de negociação”, negociador das FARC Andres París.

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