Oscar Niemeyer: Aos 104 anos, morre no Rio de Janeiro o maior arquiteto do Brasil
|
|
Aos 104 anos, morreu na noite desta quarta-feira (05/12) o maior arquiteto do Brasil. Oscar Niemeyer estava internado no Hospital Samaritano, em Botafogo, Rio de Janeiro desde o dia 2 de novembro, vítima de complicações renais e desidratação. O quadro de saúde de Niemeyer piorou nas últimas horas, e o boletim médico assinado esta tarde pelo médico intensivista Fernando Gjorup indicava piora “no estado clínico do arquiteto”.
Por causa de uma infecção respiratória, o arquiteto que estava na unidade intermediária do hospital apresentou um quadro de infecção respiratória, ficou sedado e respirando com auxílio de aparelhos.
O carioca Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares nasceu em 15 de dezembro de 1907 – completaria 105 anos em 15 dezembro de 2012. Estudou na Escola Nacional de Belas Artes de onde saiu formado em arquitetura e engenharia em 1934. Um dos seus primeiros empregos foi no escritório de Lúcio Costa, urbanista também responsável pela construção de Brasília.
O corpo do arquiteto Oscar Niemeyer será velado no Palácio do Planalto, em Brasília, e enterrado, na sexta-feira (7) no cemitério São João Batista, em Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro. As informações são de Paulo Niemeyer, sobrinho do arquiteto, e do prefeito Eduardo Paes. Oscar Niemeyer também será velado no Palácio da Cidade do Rio de Janeiro, em Botafogo.
Entre suas mais importantes e conhecidas obras estão os prédios públicos que projetou durante a criação de Brasília. Foi pioneiro no uso do concreto armado, uma marca de suas construções. Além do Brasil, as obras de Niemeyer estão espalhadas pelos mundo: há projetos do arquiteto brasileiro na Espanha, Estados Unidos, França, Itália, Índia e Argélia.
A política e a militância sempre estiveram presentes na vida do arquiteto. Em 1945 filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro e durante a ditadura militar passou um período exilado na França. Foi casado duas vezes e só teve uma filha, Anna Maria, que morreu neste ano aos 82 anos.
“Não me sinto importante. Arquitetura é meu jeito de expressar meus ideais: ser simples, criar um mundo igualitário para todos, olhar as pessoas com otimismo. Eu não quero nada além da felicidade geral”, definiu certa vez o arquiteto.
Nos últimos anos o arquiteto foi internado diversas vezes com infecções, pneumonia desidratações e também para cirurgias que retiraram a vesícula e um tumor no cólon. Ele voltou a ser internado no dia 2 de novembro para realizar exames e houve uma piora no seu quadro renal, o que desencadeou na sua morte neste dia 5 de dezembro.
A presidente Dilma Rousseff emitiu, nesta quarta-feira (05), nota em que lamenta a morte do arquiteto Oscar Niemeyer.
Confira íntegra da nota:
“A gente tem que sonhar, senão as coisas não acontecem”, dizia Oscar Niemeyer, o grande brasileiro que perdemos hoje. E poucos sonharam tão intensamente e fizeram tantas coisas acontecer como ele.
A sua história não cabe nas pranchetas. Niemeyer foi um revolucionário, o mentor de uma nova arquitetura, bonita, lógica e, como ele mesmo definia, inventiva.
Da sinuosidade da curva, Niemeyer desenhou casas, palácios e cidades. Das injustiças do mundo, ele sonhou uma sociedade igualitária. “Minha posição diante do mundo é de invariável revolta”, dizia Niemeyer. Uma revolta que inspira a todos que o conheceram.
Carioca, Niemeyer foi, com Lúcio Costa, o autor intelectual de Brasília, a capital que mudou o eixo do Brasil para o interior. Nacionalista, tornou-se o mais cosmopolita dos brasileiros, com projetos presentes por todo o país, nos Estados Unidos, França, Alemanha, Argélia, Itália e Israel, entre outros países. Autodeclarado pessimista, era um símbolo da esperança.
O Brasil perdeu hoje um dos seus gênios. É dia de chorar sua morte. É dia de saudar sua vida.”
Confira entrevista com Oscar Niemeyer na TV Brasil
Jornais do mundo destacam morte de Niemeyer,
A morte do arquiteto Oscar Niemeyer, na noite de quarta-feira, foi destacada pela mídia internacional, com textos que comentam sua importância para a história da arquitetura mundial.
O francês Le Monde destaca a obra prolífica do arquiteto. “Nascido no dia 15 dezembro de 1907 no Rio, em uma família de classe média de origens alemã, portuguesa e árabe, Oscar Niemeyer participou da criação de mais de 600 obras em uma carreira de 70 anos. Vinte delas ainda estão em execução em vários países”, diz o jornal.
“Morre o arquiteto estrela Oscar Niemeyer”, afirma o diário alemão Frankfurter Allgemeine em sua primeira página da edição online nesta quinta-feira.
“O mundo da arquitetura está de luto por um de seus grandes nomes: o brasileiro Oscar Niemeyer morreu aos 104 anos. O Estado do Rio de Janeiro decretou três dias de luto oficial”, informa o jornal.
Outro jornal alemão, Süddeutsche Zeitung, anuncia em sua primeira página: “O último gigante da arquitetura moderna”.
“O arquiteto Oscar Niemeyer parecia capaz de desafiar a gravidade. Ele apoiava enormes blocos de apartamentos em pilares que pareciam tão finos e graciosos quanto as pernas de uma mulher. Os caminhos curvilíneos seguem pelo piso como a conectar uma nuvem a outra. Os corrimãos são desnecessários”, diz o texto do Süddeutsche Zeitung.
O diário britânico The Times observa que Niemeyer “continuou trabalhando de sua cobertura em Copacabana até poucos dias antes de sua morte” e era considerado um “ícone nacional ao lado do pioneiro da Bossa Nova Tom Jobim e da lenda do futebol Pelé”.
O jornal observa ainda que as obras do arquiteto, um “comunista ardente”, podiam ser encontradas em países diversos como Argélia, Itália, Israel, Estados Unidos e Cuba, onde “o líder de longa data Fidel Castro era um de seus amigos pessoais”.
O diário americano The New York Times afirma que as obras do arquiteto “instilaram o modernismo com uma nova sensualidade e capturaram as imaginações de gerações de arquitetos em todo o mundo”.
“Niemeyer estava entre os últimos de uma longa linha de verdadeiros fieis do modernismo, que iam de Le Corbusier e Mies van der Rohe aos arquitetos que definiram a arquitetura do pós-guerra do fim dos anos 1940 e dos anos 1950 e 1960”, comenta o jornal.
“Ele é mais conhecido por desenhar os prédios do governo em Brasília, uma nova capital moldada a partir do cerrado brasileiro que se tornou um símbolo tanto do salto da América Latina à modernidade quanto, posteriormente, dos limites das aspirações utópicas do modernismo”, diz o texto.
Na Argentina, o diário La Nación também destacou a morte e afirmou que “o Brasil e o mundo da arquitetura estão de luto”. O jornal observa que Niemeyer é “considerado, junto a Frank Lloyd Wright, Miles van der Rohe, Le Corbusier e Alvar Aalto, uma das figuras mais influentes da arquitetura moderna e internacional”.
Leia Mais Notícias Clicando Aqui
Compartilhe esta notícia com um amigo de sua rede social
Related News

36º BPM com sede em Pádua se destaca com ações de combate a marginalidade em 2018
O 36º BPM, com que tem a sua sede em Santo Antônio de Pádua, noRead More

Duas pessoas ficam feridas em acidente na BR-356
O motorista de um Ford EcoSport de Macaé/RJ perdeu o controle do veículo no kmRead More
Comments are Closed