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Autoridades chinesas descobrem reciclagem de lixo hospitalar

Pilhas de seringas e bolsas de sangue e de soro foram transformadas em roupas de inverno e copos descartáveis

Depois de meses de investigações, as autoridades chinesas descobriram que mais de 140 toneladas de lixo hospitalar estavam sendo recicladas clandestinamente — sem qualquer tratamento — e revendidas no mercado interno sob a forma de novos produtos. As pilhas de seringas, bolsas de sangue e de soro, restos de plásticos com medicação e urina foram transformadas em produtos tão variados como roupas de inverno, tubulações para encanamento e copos e pratos descartáveis. As imagens, mostradas pelas televisões estatais nos últimos dias, assustaram até os fiscais.

A quadrilha atuava em pelo menos cinco grandes províncias do país: Hunan, Hubei, Henan, Hebei e Jiangsu. Acreditase que alguns produtos finais, como copos plásticos, podem ter sido vendidas em todo o país, segundo reportagem do canal estatal de Henan. Como o processo de reciclagem foi feito sem qualquer tipo de acompanhamento especial ou tratamento profissional, segundo as regras de segurança previstas em lei, não está descartada a possibilidade de contaminação destes produtos.

O material vinha sendo reciclado pela quadrilha desde 2015 e estaria sendo usado em setores de alimentação, médico e na indústria de construção. A história veio a público na semana passada com a prisão de 12 pessoas condenadas por crime ambiental na província de Hunan. Essas pessoas foram associadas a uma rede de fornecedores e intermediários que atuavam pela internet.

 
 


Segundo a mídia estatal chinesa, um grupo de funcionários e um intermediário admitiu ter comprado os dejetos hospitalares de uma estação de lixo por dois mil yuans a tonelada (algo em torno de US$ 300) e revendido para outro intermediário por cinco mil yuans, pouco mais de US$ 700. Estima-se que o lucro de uma dessas estações clandestinas chegasse a algo entre US$ 4.400 e US$ 7.300 por mês para os seus proprietários.

Este tipo de escândalo não é uma novidade na China. Em dezembro do ano passado, a polícia da cidade de Nanquim, antiga capital chinesa, na província de Jiangsu, prendeu três suspeitos de comercializar toneladas de lixo médico que seriam processadas e transformadas em copos e pratos descartáveis e brinquedos com marcas falsas. As autoridades receberam denúncias de pilhas de lixo hospitalar armazenados num aterro sanitário próximo a cidade de Gujia desde 2012. Em abril do ano passado, a polícia já tinha desbaratado uma quadrilha que foi pega reciclando 50 toneladas deste mesmo tipo de material num fundo de quintal na cidade de Gupei. Em março deste ano, a imprensa local já havia revelado o caso das vacinas falsas. A vigilância sanitária teria chegado a uma quadrilha de 300 pessoas atuando em 24 províncias com a produção de dois milhões de vacinas adulteradas. Um negócio de milhões de dólares. Crianças morreram.

CÓDIGO DO CONSUMIDOR

Quem assistiu às reportagens na televisão sobre o lixo médico ficou revoltado. Nas redes sociais, muitas pessoas se manifestaram. Um internauta escreveu: “não tenho ideia de como consegui viver tanto tempo” depois de todas essas histórias. Outro disse que “antes que os imperialistas americanos venham exterminar os chineses, eles próprios se encarregarão do serviço”.

A China está tentando discutir um código do consumidor mais rigoroso e entende que, por estas e outras razões, muitos dos seus produtos não são confiáveis dentro e fora do país. Há chineses que só compram purificadores de ar importados da Suécia, por exemplo, que custam três vezes mais do que o chinês — só o filtro do sueco é mais caro do que a máquina chinesa completa.

— Você compra isso? Ninguém compra. Não deve prestar — disse ao GLOBO um motorista particular chinês que preferiu não se identificar.

(*) Com informações de O Globo

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