Rio de Paz faz Marcha Contra a Impunidade no Rio de Janeiro
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A ONG Rio de Paz realizará no domingo (31/07) Marcha Contra a Impunidade no Rio de JaneiroA morte do menino Juan foi a gota d’água. A criança é assassinada. Seu corpo desaparece. Dias depois, reaparece, irreconhecível: apenas pés, mãos e a ossada. A vida de uma família pobre é marcada para sempre. Na verdade, esse crime bárbaro, foi a gota de sangue que fez transbordar o balde da indignação de um povo farto da barbárie e impunidade.
São mais de 30 000 mortes violentas entre os anos de 2007 e 2011 no Estado do Rio de Janeiro. Aproximadamente 23 000 pessoas desapareceram, e não se sabe quantas foram mortas. O que temos certeza é que há casos concretos de pessoas desaparecidas e que sofreram morte violenta. Até hoje, desde de 14 de junho de 2008, a família da engenheira Patrícia Amieiro indaga das autoridades públicas: “Onde está o corpo da nossa filha?”. Tem-se conhecimento também da prática disseminada de enterrar pessoas em cemitérios clandestinos, incinerá-las em pilhas de pneus, lançá-las em rios ou no fundo da baía de Guanabara e fazê-las servir de comida para animais.
Soma-se a isso o fato de que, para a vergonha dos bons policiais que estão dispostos a dar a vida pela sua profissão, alguns maus policiais, na ponta, -fazem aquilo que não foi combinado em lei entre nós cidadãos brasileiros-, praticando crimes que os tornam agentes da perversidade mantidos com dinheiro público.
É certo que a impunidade é uma das raízes desse altíssimo nível de homicídio.Em uma década o Estado do Rio deixou de esclarecer nada menos que 60 000 homicídios. Quase a metade deles – 24 mil- a polícia sequer conseguiu identificar a vítima. A taxa de elucidação de homicídio é mínima, e menor ainda o índice de punição. No ano de 2007, por exemplo, apenas 11% dos homicídios foram elucidados e tão somente 8% dos que mataram seres humanos foram parar na cadeia. Esses bandidos matam porque sabem que não serão punidos. Não há dúvida quanto a isso.
Que democracia suporta tamanha impunidade? Que sentido faz vivermos em sociedades onde o direito à vida não está assegurado? Por que temos que assistir mudos a ousadia de homens perversos que não encontram resistência por parte da sociedade num contexto de ineficiência no combate ao crime por parte do poder público?
Por isso nós vamos às ruas. Dia 20 de julho fará um mês da morte do menino Juan. Nós temos que fazer dessa morte a mais custosa para o crime em toda a história do Rio de Janeiro. Propomos que no domingo 24 de julho, na praia de Copacabana, em frente ao posto 6, a partir da 14h, façamos uma Marcha contra a Impunidade, caminhando até a avenida Princesa Isabel, onde todos nos reuniremos nas areias da praia para uma expressão final de protesto face à quantidade de crimes contra a vida no Estado do Rio de Janeiro.
Todos os manifestantes estarão vestidos de camisa preta. Não haverá discurso, nem barulho, nem música. Apenas o andar silencioso de um povo ferido e indignado.
O que reivindicaremos?
1. Julgamento e punição para os assassinos de Juan.
2. Manutenção da investigação em casos de auto de resistência (pessoas mortas em confronto com a polícia).
3. Maior investimento em verbas e pessoal em corregedorias externas às polícias civil e militar, que prestem regularmente à sociedade contas de seu trabalho.
4. Trabalho diligente e cuidadoso na elucidação da autoria de homicídio doloso.
5. Investigação dos casos de desaparecidos com indícios de homicídio.
Sabemos que o combate à impunidade não é tudo. O Rio de Paz, desde 2007, vem lutando pela implementação de 15 medidas essenciais para a diminuição das mortes violentas no Brasil. Mas, não há política de segurança que faça homicídio cair sem que os culpados por crime tão grave sejam punidos.
Por isso iremos às ruas. Não é fome e sede de vingança. Pensamos nas famílias que estão por passar por essa tragédia, e nas vidas que serão interrompidas se a sociedade não reagir, lutando pela punição dos culpados. Não queremos chorar por mais vidas. Alguém tem que resistir ao perverso e defender a vítima inocente.
Abraçar essa causa não é fácil. Espero que não seja a luta de uns poucos. Que nenhuma marcha possa reunir mais gente.
Antônio Carlos Costa
Presidente do Rio de Paz
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