Luiz Fernando Padilha Leite, ex-prefeito de Santo Antônio de Pádua, declarou que sua ex-mulher Denise Siqueira foi cedida ao Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ) sem ser funcionária concursada da prefeitura. A informação foi dada, nesta quinta-feira (17/12), à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa do Rio criada para investigar fatos relativos a denúncias de corrupção contra conselheiros do TCE-RJ já indiciados pela Polícia Federal. O ex-prefeito disse que a requisição, que acabou sendo considerada irregular pelo TCE e acarretou na exoneração da funcionária, foi feita na gestão de Frederico Padilha (tio de Luiz Fernando) à frente da prefeitura – quando Luiz Fernando assumiu, no entanto, a requisição foi renovada. Ele declarou ainda não saber que era irregular ceder uma funcionária que não fosse concursada. A presidente da CPI, deputada Cidinha Campos (PDT), reforçou que o depoimento demonstra a precariedade do interior do Estado. “É preciso melhorar o nível dos políticos, não o nível intelectual, mas sim o preparo de vida para administrar uma cidade. A população precisa de pessoas realmente preparadas”, frisou a parlamentar.

Padilha afirmou ainda ter nomeado um primo na Secretaria de Administração do município, que responde a processo junto com ele. Segundo a CPI, o ex-prefeito está sendo indiciado por corrupção, desvio de dinheiro, fraude em licitação, apropriação de dinheiro público e formação de quadrilha. Ele só compareceu à reunião da comissão após permissão da Justiça, pois está impedido de avançar a distâncias maiores de 150 quilômetros de Pádua. Assim que Denise passou do regime de CLT na prefeitura e foi transferida para o TCE-RJ, ela passou também a receber cerca de R$ 4,3 mil – segundo o depoimento de Padilha, a ex-mulher teria ficado no tribunal por cerca de dez anos. Na gestão do atual presidente do TCE-RJ, José Maurício Nolasco, Denise foi exonerada após uma comissão especial formada para averiguar as requisições ter avaliado irregularidades no caso dela. Da Prefeitura de Santo Antônio de Pádua não saiu apenas a requisição de Denise, mas também as de Márcio Guedes e Ricardo Montelo Amaral, que a comissão já ouviu.

Durante a reunião desta quinta, a comissão também ouviu o gerente do banco Itaú Nilson da Costa Dias. Funcionário da agência onde está a conta corrente do conselheiro José Gomes Graciosa, um dos indiciados pela PF, Dias foi chamado à comissão para explicar os cinco cheques que recebeu do conselheiro, na quantia total de R$ 54 mil, durante quatro anos. Ele explicou que fazia muitos depósitos e saques para Graciosa e que, embora não lembrasse de nenhum cheque, poderia tê-los assinado para poder descontar as quantias para o cliente. “Recebia, constantemente, envelopes de diversas pessoas a mando de Graciosa com quantias para depósitos e cheques, assim como pedidos de saques”, disse o gerente, afirmando ser comum tentar resolver os problemas para todos os seus clientes. A pedido do vice-presidente da comissão, deputado Marcelo Freixo (PSol), a CPI enviará um requerimento de informação ao Itaú perguntando se a prática é comum e se é uma determinação do banco.

Também estiveram presentes à reunião os deputados João Pedro (DEM), André Corrêa (PPS) e Caetano Amado (PR). Quem quiser fazer denúncias envolvendo o tribunal poderá entrar em contato com o Disque Fraude TCE (0800 282 8890), um serviço telefônico gratuito da CPI.