“Gonzaga – De Pai pra Filho”: Longa retrata a relação conturbada entre os músicos Gonzação e Gonzaguinha

O Filme “Gonzaga – De Pai pra Filho” tem arrebanhado expectadores por todo o Brasil, demonstrando a importância para a música brasileira de um pai e um filho, dois fenômenos e que tinham uma conturbada relação envelopada pelo contexto histórico-político que vivia o país no período do regime militar.
No centenário de Luiz Gonzaga (1912-1989), uma biografia para o cinema do rei do baião seria mais do que bem-vinda. Nas mãos de Breno Silveira , no entanto, o que teria tudo para ser apenas um produto oficial ganha a capacidade de emocionar multidões. De posse de uma história ainda mais poderosa, o diretor de “2 Filhos de Francisco” e “À Beira do Caminho” estreia nesta sexta-feira (26) “Gonzaga – De Pai pra Filho”, uma das grandes promessas de bilheteria do ano, amparada por uma forte campanha de divulgação.
O grande acerto de Breno e da roteirista Patricia Andrade, parceira do cineasta em todos os seus projetos, foi sustentar o filme na relação entre Gonzagão e Gonzaguinha, que nunca haviam se dado bem.
A reconciliação de pai e filho só foi acontecer em 1980, depois de anos de mágoa e desentendimentos. Na época já cantor e compositor consagrado da MPB, Gonzaguinha foi a Exu, cidade-natal de Gonzaga no interior de Pernambuco, tentar ajudar o pai, em baixa, a marcar alguns shows. O encontro, a princípio belicoso, acabou se tornando uma oportunidade para um conhecer melhor o outro.
As conversas foram gravadas por Gonzaguinha e serviram de base para o longa. É ali que ele começa, em Exu, com Júlio Andrade no papel de Gonzaguinha adulto e Adélio Lima (surpreendente) como Gonzaga aos 70 anos. Uma árvore perdida no sertão, onde os dois se sentam para falar, serve de passaporte para o passado, quando a biografia realmente começa.
Adolescente, Gonzaga (interpretado por Land Vieira) aprendeu a tocar acordeão com o pai, Januário (Claudio Jaborandy), que consertava o instrumento. Contra a vontade da família, começou a se apresentar na região e se apaixonou por Nazinha (Cecília Dassi), “rica, branca e letrada”, enquanto ele era um “mulato pobre, sem eira nem beira”. Ameaçado de morte pelo pai da moça, tentou a sorte no exército, onde ficou por quase dez anos, e finalmente foi para o Rio de Janeiro, na década de 1940.
É lá que a história musical de Gonzaga, agora na pele de Chambinho do Acordeon, se inicia. Ao lado do amigo Xavier (Luciano Quirino), tentou a sorte tocando tangos e valsas na rua e em bares, sem sucesso. Foi só quando ele apostou no vira e mexe, um “ritmo diferente, que o povo do sul nunca tinha ouvido”, é que sua carreira decola – era o nascimento do baião.
O filme avança para o casamento de Gonzaga com Odaléia (Nanda Costa), uma dançarina de samba que engravida, dá a luz a Gonzaguinha e morre de tuberculose, quando a criança tinha 2 anos. O garoto é criado pela madrinha, Dina (Silvia Buarque), com o pai, um astro, sempre distante, em viagem pelo Brasil. O casamento de Gonzaga com Helena (Roberta Gualda), fã e secretária, só acirra a rixa entre pai e filho.
Enquanto biografia, “Gonzaga – De Pai pra Filho” é bastante didático e conservador. Em ordem cronológica, o filme repassa todas as etapas da trajetória do sanfoneiro que popularizou a música nordestina, amparado por canções antológicas e imagens e vídeos de arquivo – o material é usado na montagem, como um contraponto à versão ficcional.
Os senões ficam por conta das lacunas. Se é pródigo ao recuperar o anedotário das experiências de Gonzaga, o longa inexplicamente não se aprofunda nas dúvidas sobre a gravidez de Odaléia – ela teria conhecido o músico já grávida, o que fez com que Gonzaguinha sofresse a juventude inteira com a pecha de “bastardo”. Também pouco se sabe, por exemplo, sobre a filha adotiva de Gonzagão, Rosa, e o porquê do declínio do rei do baião nos anos 1970.
Ao mesmo tempo, “Gonzaga” comove como poucos quando o assunto é família. Os embates entre pai e filho são de cortar o coração, intensos, e a esperada reconciliação, prato cheio para se afogar em lágrimas. Aí brilham os atores. Se Chambinho e Adélio fazem bons Gonzagas, os intérpretes de Gonzaguinha dão um verdadeiro show. Alison Santos, na infância, e Giancarlo Di Tommaso, na adolescência, comovem, enquanto Júlio Andrade (“Cão Sem Dono”, “Hotel Atlântico”) é um sósia perfeito, numa atuação assombrosa.
É o que faz de “Gonzaga – De Pai pra Filho”, mais do que uma biografia de duas figuras importantíssimas da música brasileira, um drama real, potencializado pela trilha sonora onipresente de Berna Ceppas. A bela fotografia de Adrian Teijido (“O Palhaço”) torna a experiência ainda mais completa. Ponto para Breno Silveira, que caminha para se tornar o diretor brasileiro popular por excelência.
(*) Com informações do Ig
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